quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O sonho que vira pesadelo II

A pergunta que todos se fazem agora é: até quando a recessão vai durar?
"Paramos de anunciar [empregos] na mídia e não temos idéia de quando a situação irá melhorar", avisa Cláudio Sakamoto, 42 anos, do departamento de Recursos Humanos da Misuzu, fábrica de componentes eletrônicos que emprega atualmente cerca de 300 brasileiros.

"Até meados de outubro, porém, havia pelo menos mais cem brasileiros empregados", calcula Sakamoto, que prevê ainda mais demissões.

Júlio Nakazaki, 45 anos, da empreiteira Just One, conta que nunca foi tão difícil encontrar vaga nas linhas de montagem das fábricas de autopeças.

"Empregamos brasileiros há 18 anos e sempre teve colocação. Agora, não tem nenhuma", revela.

A Just One tem, atualmente, 600 brasileiros nas fornecedoras de peças para a Toyota, na província de Aichi. No mês passado, eram mais de 700.
Com a falta de vagas nas empreiteiras, a saída encontrada por muitos foi procurar colocação nas agências públicas de emprego, chamadas de "Hello Work".

Somente na filial de Hamamatsu, região que concentra cerca de 22 mil trabalhadores latinos, 635 estrangeiros foram atendidos em outubro, o dobro de setembro. Em novembro, a média foi de 80 atendimentos diários a brasileiros e a previsão é de que o movimento aumente ainda mais.

A grande quantidade de mão-de-obra parada também fez com que as poucas fábricas que ainda estão contratando se tornassem mais exigentes.

"Se antes, não exigiam o conhecimento da língua japonesa, agora passaram a exigir. Se aceitavam pessoas de até 55 anos, hoje, contratam somente quem tem até 45", explica Marcos Sakashita, 41 anos, da empreiteira K.K. Toki, de Okazaki, província de Aichi.

Os salários também já não são os mesmos. Um trabalhador do setor de autopeças, um dos que mais atrai os homens brasileiros, ganha por hora até US$ 13. Agora, as vagas são em outras áreas, como a de alimentos e hotelaria, e cujo valor por hora não ultrapassa os US$ 8.

"Quem quiser trabalhar vai ter de se contentar com o salário mais baixo mesmo", lamenta

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