terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Rio de Janeiro continua lindo


Gabriel Carvalho

Ao andar pelas ruas do Rio de Janeiro, lugar que curto muito, mais uma vez pude constatar porque a Cidade Maravilhosa foi escolhida para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Além de suas belezas naturais e do jeitão peculiar do carioca, a capital fluminense parece ter saído de algum livro de fábulas, que até a demorada “viagem” de Copacabana para o Riocentro se torna agradável, mesmo com os intermináveis engarrafamentos por conta das obras de construção do corredor do BRT e também de mais um trecho do metrô na altura da Barra da Tijuca.

Durante as manhãs dos dias ensolarados, o vai e vem de pessoas no calçadão faz parecer com que o Rio seja uma grande terra de desocupados. Engana-se quem pensa isso, afinal, em meio aos cultuadores do corpo perfeito há também médicos, advogados, jornalistas e também os aposentados que muito ralaram na vida.

No período em que o sol inicia o seu expediente, a bebida preferida dos quiosques é a boa e vela água de coco, que serve para refrescar o calor que não fazia em uma manhã de outubro, pois a temperatura era de agradáveis 21°C. Ao cair da noite, o liquido que representa a hidratação e a saúde dá lugar ao gelado e refrescante chope, que é aliado da barriguinha indesejável, da celulite igualmente odiada e também do sedentarismo que traz como companhia o nem sempre confortável banco do bar.

Por falar em cervejinha, não há na Cidade Maravilhosa nada mais democrático e eclético como a Lapa, berço dos boêmios cariocas, onde patricinhas, mauricinhos, alternativos, gente do povo e até figuras marginalizadas como os homossexuais e os travestis dividem o mesmo espaço sem qualquer gesto de discriminação. Parece até uma Torre de Babel ou o terceiro piso do Iguatemi de Salvador tamanha a diversidade do local.

Para se ter uma idéia do que estou falando, no barzinho em que estava com a minha querida Sineia, havia um burburinho com bate-papo e cerveja gelada em baixo e uma festa irlandesa, com o público totalmente grunge na parte do mezanino. A minha esposa, com a curiosidade que só ela tem, foi logo querer ver o que estava acontecendo.

Voltando a Copacabana, fica a dica para os gordinhos e apreciadores de doces como das excelentes confeitarias da Rua Santa Clara, como a The Bakers e também a tradicional Colombo. As guloseimas são variadas e vão desde a saborosas tortas até o tradicional chocolate belga servido quente em uma xícara.

Na Nossa Senhora de Copacabana, a Pizzaria Frontera é muito boa, porém o atendimento é péssimo. Só lembro do rapaz de blusa laranja, que se irritou porque pedi para ele um prato limpo. Em um tom muito grosseiro, ele deu a entender que aquele pedido era com o rapaz de azul.

Tudo de bom - Se lá na Frontera, o atendimento era muito ruim, no Restaurante Don Camillo, na Avenida Atlântica, o serviço é perfeito e merece alguns períodos a mais nesse meu longo texto. Para os românticos como eu, o lugar é inesquecível, não só pela sua deliciosa comida, principalmente as massas genuinamente italianas, mas pelo conjunto da obra. Batizado de Quarteto Italiano, o grupo musical que se apresenta na casa é um show à parte. Formado por simpáticos senhores, para não dizer velhinhos, o conjunto que é de música instrumental (contrabaixo, acordeão, violino e violoncelo) toca músicas que vão desde a tradicional tarantela aos temas do filme O Poderoso Chefão e até canções de tango como Por uma cabeza. Vale a pena e o jantar para dois com direito a um bom vinho sai até por R$ 200 (para os mais casquinhas, o que não é o meu caso).

Assista:


Cartões-postais – Não gosto muito de jargões, mas ir ao Rio e não ver o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor é a mesma coisa que ir a Roma e não ver o Papa. Assim posto, fui aos dois ícones do turismo da capital fluminense.

No Pão de Açúcar, lugar que costumo ir sempre que vou à Cidade Maravilhosa, mais uma vez superei o medo de altura e encarei os dois bondinhos. Lá em cima a vista é mais bela que se tem do Rio e pode-se contemplar o mar, as montanhas e até mesmo a paisagem urbana. Detalhe, o ar puro respirado no alto do Pão de Açúcar chega a fazer mal. Gente fazendo foto é o que não falta, mas é um passeio e tanto.

Já no Cristo foi a minha estreia. Veja só que coisa, vou ao Rio pelo menos uma vez por ano e jamais fui no principal cartão-postal do Brasil. No meio do caminho, peguei o macete com o taxista e fui embora. Aliás, os taxistas são um capítulo à parte no Rio, mas isso eu conto depois.

Chegando no Corcovado, pegamos a van, pois o passeio de trenzinho era mais caro, e fomos ao encontro do Redentor. Até lá o caminho não foi fácil, pois as curvas da pequena estrada de acesso eram muitas, assim como os degraus da escadaria. Lá em cima, tudo lindo. Aquela estátua enorme e imponente, a visão panorâmica do Rio e da Floresta da Tijuca e a companhia de Sineia, claro. Fizemos uma oração na capela e voltamos ao nosso reduto: Copacabana.

Bola fora – Como não podia deixar de falar, a violência ainda é preocupante na Cidade Maravilhosa. Nesses dias todos pelo Rio de Janeiro, conversei com dezenas de taxistas e todos foram unânimes em dizer que ainda há perigo e que as comunidades não estão tão pacificadas assim. Um motorista mais extremo chegou a dizer que há um pacto com o governo local e a imprensa para não prejudicar os Jogos Olímpicos de 2016. Como eu ainda acredito no jornalismo, não dei bola para essa conversa de acordo.

Agradecimento especial aos amigos Rose e Evandro que me aturaram na casa deles nessa minha última passagem pelo Rio.

2 comentários:

César disse...

Realmente, Gabié, o Rio de Janeiro permanece lindo. Estive por lá ano passado e infelizmente não pude visitar o Redentor (estava em obras). A vista do Pão de Açúcar realmente é esplendorosa. Sugiro também que faças uma visita à Quinta da Boa Vista. Muito legal o passeio.

Um abraço!

Patrícia lyra disse...

Ótima matéria. Adorei as dicas. Vou ficar esperta.Só ficou devendo a foto da Lapa.O Rio tem uma atmosfera especial. Inexplicável.