Gabriel Carvalho*
Com passagens
aéreas custando até R$ 6 mil nos trechos Sudeste/Nordeste e água de coco
custando US$ 3 em Ipanema, no Rio de Janeiro e em Florianópolis, em Santa
Catarina, o resultado não poderia ser outro. Rio e São Paulo, cidades que são
cantadas em verso e prosa pela mídia nacional, estão quase de fora da lista das
100 mais visitadas do mundo por estrangeiros. Destinos como Salvador, Fortaleza
e Recife nem figuram na relação.
E um detalhe:
Buenos Aires tem quase a soma dos turistas internacionais que visitam as duas
principais cidades brasileiras. O que? Isso mesmo. São quase três milhões de
visitantes por ano, enquanto Rio e São Paulo têm pouco mais de 1,5 milhão cada.
E por que
resultados tão pífios? Será que falta qualificação profissional, faltam bons
estabelecimentos? Talvez, mas não vamos longe. Fiquemos com a própria Buenos
Aires, que em muitos casos possui batedores de carteiras na Calle Florid, garçons grosseiros nos
restaurantes e taxistas “espertos”. Lá, é fácil se deslocar, vindo do Uruguai,
Paraguai e do próprio Brasil.
Aqui, há um disparate
no que se refere a preços de passagens aéreas e, em alguns destinos, hoteleiras
também. Vide o exemplo da Rio +20, onde os preços das tarifas de hospedagem
beiraram a estratosfera. Em Salvador, os empresários de hotéis dizem que as
tarifas estão baratas, se queixam da situação que o ex-prefeito João Henrique
deixou a cidade, mas colocam a culpa mesmo na tal tarifa de passagem aérea.
E em parte eles têm
razão. As companhias reduziram o número de linhas e preferem voar com pouca
gente pagando muito do que muita gente pagando pouco, segundo o presidente do
Conselho Baiano de Turismo, Silvio Pessoa.
Diante de tudo
isso, vemos o Brasil atrás de países como México, Argentina e até da cidade de
Pattaya, na Tailândia. Há pelo menos cinco anos, o país estagnou-se no número
que não chega a 6 milhões de turistas recebidos.
Até o brasileiro –
que tem alto poder aquisitivo – tem preferido o exterior aos destinos
tupiniquins. Prova disso é o gasto dos brasileiros no exterior, que soma US$ 22
bilhões contra apenas US$ 6 bi de gastos estrangeiros no país do futebol.
Ainda há tempo,
pouco, mas há para que esses ajustes sejam feitos e o setor do turismo passe a
surfar melhor nas ondas da economia nacional.
*É jornalista, publicitário e especialista em
Assessoria de Comunicação Integrada e Redes Sociais Digitais.
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