domingo, 25 de agosto de 2013

Projeto auxilia no tratamento e busca reduzir amputações em pacientes de diabetes

Até 70% das retiradas de membros inferiores estão ligadas ao diabetes, segundo consenso da Comunidade Médica Internacional

Um projeto piloto pioneiro na Bahia, desenvolvido por meio de uma parceria entre o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-Ufba), Hospital Ana Nery e secretarias de Saúde do Estado e Município, está unindo ações de atenção básica e especializada no tratamento e prevenção de úlceras nos pés dos pacientes de diabetes. A iniciativa envolve uma equipe multidisciplinar que foi capacitada por técnicos e pesquisadores do ISC, na Unidade de Saúde Santa Mônica, no bairro da Liberdade, em Salvador.

Doutor em Saúde Coletiva e professor do ISC, o sociólogo Marcelo Castelhano detalha o projeto, que está em funcionamento desde março deste ano. “Fizemos um trabalho de sensibilização e envolvimento dos profissionais, que receberam uma capacitação para incorporar o projeto de tratamento do pé diabético à prática cotidiana. A capacitação teve 20 horas de cursos que incluem cuidados e estratégias para detecção precoce e classificação de risco, com exercícios práticos para realização de exames”, disse.

O caminho no tratamento do pé diabético é o mais correto, segundo o especialista norte-americano em lesões em membros inferiores, Michael Child, que esteve em Salvador no último mês, para participar de um seminário internacional, promovido pelo Instituto de Saúde Coletiva da Ufba. Segundo ele, é preciso que haja um acompanhamento do pé diabético, dentro do Sistema de Atenção Básica à saúde. “Isso pode ajudar a evitar amputações e até mesmo óbitos. Muitas vezes, os profissionais não estão preparados e não têm como acompanhar os pacientes de pé diabético. Em alguns casos, até simples calos podem se tornar um grande risco para os portadores de diabetes”, disse o integrante do Sacramento Medical Center, da Califórnia, nos Estados Unidos.

É consenso entre a comunidade médica internacional, que a ligação entre a amputação de pernas e pés com diabetes seja de até 70% em casos no mundo inteiro. E em 85% dos casos, verifica-se a presença anterior de formação de úlceras nos pés dos pacientes.

Na opinião do médico e pesquisador Cícero Fidelis, que é mestre em Angiologia e Cirurgia Vascular, procedimentos como cirurgia vascular e assistência básica devem estar integradas. “Esse plano piloto, quando se propõe em integrar a atenção primária e um centro de referência ajuda a fazer com que sejam identificados problemas de forma que a prevenção e a cura possam reduzir o número de amputações e mortes”, disse.

Classificação de risco – No Brasil, estão avançados os entendimentos para a construção de um sistema de classificação de risco. Pesquisadores da Universidade de Saint Antonio, no Texas, Estados Unidos, já elaboraram uma escala, conforme explicou Fidelis. “Se um paciente diabético tem uma diminuição de sensibilidade maior apenas no pé, a chance de evoluir para uma ulcera é duas vezes maior. Se há deformidade, a probabilidade é 12 vezes maior e se a deformidade é de uma ulcera ou amputação cicatrizada, o risco é 36 vezes maior, segundo o estudo americano”, contou Fidelis.

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