sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Forrozeiros resistem à “Sãojoalização” imposta na Bahia
Texto: Gabriel Carvalho
Foto: Tatiana Azeviche
Nos meses de maio e junho, eles vivem o auge e o que há de melhor para qualquer artista. Agenda lotada, cachês lá em cima e prefeituras disputando seus shows para o período de festas juninas. Passado o mês de junho, julho ainda reserva algumas pequenas festas que servem como ressaca do São João. Entretanto, a maioria dos forrozeiros baianos amarga uma sazonalidade só vista nos hotéis que ficam nas praias do Chile, que só vêem turistas dois meses por ano.
Alguns artistas de grande porte, como Adelmário Coelho, ainda guardam uma certa gordura para queimar durante o resto do ano, com apresentações pela Bahia e também em outros estados nordestinos. O mesmo acontece com Targino Gondim, que no período mais afastado do São João, participa de programas de TV e organiza o Festival Internacional da Sanfona.
Apesar de remar contra a maré, eles confiam na redução da sazonalidade do forró. William Coelho, empresário que cuida da carreira do pai Adelmário disse que hoje em dia, o forró já começa a ser consumido o ano inteiro. “Desde o fim de junho até hoje, eu não tive um fim de semana parado. Lógico que em junho há um maior aquecimento, mas o forró hoje é um fenômeno nacional”, destaca.
William disse ainda que no verão há uma dificuldade com as bandas e os cantores do gênero. “Nesse período, aproveitamos para reformular o planejamento: repertório, coreografias, dentre outros”, acrescenta.
O também empresário, Kel Mascarenhas, que administra as bandas Estakazero e Cangaia de Jegue, vai mais além e diz que o maior problema da Bahia é a falta de referência do estado como uma terra forrozeira. "O Brasil ainda não reconhece o forró da Bahia". Segundo ele, as duas músicas mais tocadas no país são de bandas de forró da Boa Terra: “Ai se eu te pego” e “Balada”.
Para Kel Mascarenhas, os vizinhos Pernambuco e Ceará são protecionistas e não deixam que artistas de outros estados entrem nos seus mercados. “Já no Sudeste, ainda há quem ache o forró algo de baixo nível, ao contrário da Bahia, onde as classes mais populares não aderem ao forró preferindo o axé e o pagode”, afirma.
Sobrevivência – Mesmo sem figurar nos grandes jornais e nas emissoras de TV, alguns locais permanecem dedicando espaço ao ritmo nordestino em Salvador. Com público reduzido, mas fiel, casas como o Coliseu do Forró e o Sertão Bom, ambas na agonizante Orla Marítima de Salvador tentam manter acesa a chama do forró.
No Coliseu, se apresentam bandas locais como Forró Massapê, O tal do Xote e Flor Serena. “Às vezes é triste ver uma casa onde cabem 800 pessoas funcionar apenas com 300”, afirma o produtor cultural Alessandro Felizolla. Já no Sertão Bom, rola o melhor do ritmo considerado pé de serra e de raiz. Os preços não chegam a assustar e variam no máximo de R$ 12 a R$ 20.
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Um comentário:
Produtor cultural Alessandro Felizolla???
Que informação errada é essa?
Se fosse saberia o que falar e não falar mal da maior casa de forró de Salvador, que tem uma média 5 vezes maior de pessoas do que o sertão bom e onde são promovidos os maiores eventos de forró da cidade!
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