quinta-feira, 29 de março de 2012

No ano do centenário de Luiz Gonzaga, forró perde espaço em festas juninas



Se há pelo menos cinco ou seis anos os forrozeiros tradicionais se revoltavam contra a presença de bandas estilizadas que mais se parecem de lambada, com dançarinas semi-nuas e letras de música que apontam para a sexualidade, porém conservando instrumentos como sanfona e triangulo, agora a agonia dos defensores do estilo pé de serra é outra. Tanto o seu forró, mais tradicional, quanto os das lambadas travestidas de música nordestina agora sofrem a desleal concorrência das bandas de axé music, que não hesitam em invadir e até mesmo descaracterizar a pureza e o ar nostálgico que se tinha até o início dos anos 2000, nas festas do interior.

A maioria das bandas que enchem os cofres de dinheiro no carnaval estará presente nas festas juninas privadas, mas, em alguns casos, prefeituras já começam a preterir o forró da sua grade principal. É o caso de um município baiano, que aqui não vou citar, mas que já divulga a sua grade de grandes atrações com apenas uma banda de forró.

Os gestores municipais e os empresários do entretenimento talvez não estejam enxergando que podem, lá na frente, assassinar de vez uma das festas mais lindas da Bahia, que é o São João. A perda da originalidade já fez com que outras manifestações culturais perdessem o charme e o apelo popular e esses próprios gestores devem saber que este não é o caminho correto, uma vez que já viram suas próprias micaretas sucumbirem ao longo do tempo.

Já está na hora das próprias bandas de forró, que tocam o forró de plástico, e os forrozeiros tradicionais que conservam os originais acordes da sanfona, zabumba e triangulo unirem-se para salvar uma festa que também já começa a dar sinais de desgaste.

Na minha opinião, é muito mais legal (no auge na juventude) beijar, namorar e paquerar no São João do interior ao som de um arrastapé agarradinho do que ao som de qualquer outro ritmo.

Como diria Gilberto Gil, Viva São João.



Um comentário:

Rita BarretoBa. disse...

Grande verdade isso aí, é uma pena que seja assim mesmo!...