*Weslen Moreira
As gigantescas manifestações que ganham as ruas de todo o país surpreenderam a muitos e “podem vir” a deixar um legado de bons resultados, principalmente, no campo da política.
Nesse
momento tão singular, tornar-se-á necessário resgatar alguns elementos
históricos relevantes para refletirmos com o devido embasamento.
Primeiramente,
não é verdadeira a afirmação que, desde o “Fora Collor”, a juventude
esteve dormindo, como alguns fazem questão de mencionar inúmeras vezes.
Durante toda a década de 1990 os jovens foram às ruas sim. Vale lembrar
que, principalmente, o movimento estudantil, ajudou a barrar as
privatizações das universidades públicas e a estabelecer o debate das
quotas já conquistadas.
Da
mesma maneira que, no início dos anos 2000, a juventude baiana foi às
ruas no chamado “Maio Baiano”, um movimento semelhante ao de hoje e
reagiu à truculência da Polícia Militar, quando do episódio em que era
reivindicada a cassação do mandato do então senador Antonio Carlos
Magalhães, sofrendo inclusive uma violenta repressão.
E foi através de outro movimento estudantil importante, que ficou
conhecido como a Revolta do Buzú, que foi gestado o atual Movimento
Passe Livre, colocando no centro do debate a necessidade do controle
social/público dos gastos/investimentos no transporte o que, aqui,
culminou com restabelecimento do Conselho Municipal de Transportes.
O que está acontecendo, hoje, é um fenômeno próprio do nosso tempo, mas que têm raízes nas lutas “iniciadas” nos anos 90.
O
novo cenário é marcado pelas manifestações e revoltas que sacodem o
oriente médio e a Europa, em recessão, pela existência das redes sociais
que vêm modificando a forma de comunicação entre as pessoas e furando
certos bloqueios na grande mídia, que serviam e ainda servem de
“filtro”.
Outro aspecto, importante, é que a “grande” mídia foi “forçada” a entrar
no jogo e em determinado momento “ajudou” a convocar e tentou pautar as
manifestações, o que serviu de estopim para o que estamos vivendo.
Fato
é que o que está acontecendo terá que servir para balizar os movimentos
sociais “tradicionais” e os partidos políticos, além de instituições
buscando um bom e saudável processo de debates para que algumas lições
sejam extraídas. A luta segue o seu curso em sintonia com o seu tempo.
Advogado, licenciado em ciências sociais, Diretor da Bahiatursa, ex-dirigente da UNE e do DCE/UFBA.
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