sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Artigo: O movimento não para

*Weslen Moreira

As gigantescas manifestações que ganham as ruas de todo o país surpreenderam a muitos e “podem vir” a deixar um legado de bons resultados, principalmente, no campo da política.
Nesse momento tão singular, tornar-se-á necessário resgatar alguns elementos históricos relevantes para refletirmos com o devido embasamento.
Primeiramente, não é verdadeira a afirmação que, desde o “Fora Collor”, a juventude esteve dormindo, como alguns fazem questão de mencionar inúmeras vezes. Durante toda a década de 1990 os jovens foram às ruas sim. Vale lembrar que, principalmente, o movimento estudantil, ajudou a barrar as privatizações das universidades públicas e a estabelecer o debate das quotas já conquistadas.
Da mesma maneira que, no início dos anos 2000, a juventude baiana foi às ruas no chamado “Maio Baiano”,  um movimento semelhante ao de hoje e reagiu à truculência da Polícia Militar, quando do episódio em que era reivindicada a cassação do mandato do então senador Antonio Carlos Magalhães, sofrendo inclusive uma violenta repressão.  

E foi através de outro movimento estudantil importante, que ficou conhecido como a Revolta do Buzú, que foi gestado o atual Movimento Passe Livre, colocando no centro do debate a necessidade do controle social/público dos gastos/investimentos no transporte o que, aqui, culminou com restabelecimento do Conselho Municipal de Transportes.

O que está acontecendo, hoje, é um fenômeno próprio do nosso tempo, mas que têm raízes nas lutas “iniciadas” nos anos 90.
O novo cenário é marcado pelas manifestações e revoltas que sacodem o oriente médio e a Europa, em recessão, pela existência das redes sociais que vêm modificando a forma de comunicação entre as pessoas e furando certos bloqueios na grande mídia, que serviam e ainda servem de “filtro”.

Outro aspecto, importante, é que a “grande” mídia foi “forçada” a entrar no jogo e em determinado momento “ajudou” a convocar e tentou pautar as manifestações, o que serviu de estopim para o que estamos vivendo.

Fato é que o que está acontecendo terá que servir para balizar os movimentos sociais “tradicionais”  e os partidos políticos, além de instituições buscando um bom e saudável processo de debates para que algumas lições sejam extraídas. A luta segue o seu curso em sintonia com o seu tempo.
Advogado, licenciado em ciências sociais, Diretor da Bahiatursa, ex-dirigente da UNE e do DCE/UFBA.

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