quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Enfim, a convergência chegou

Gabriel Carvalho*

Há pelo menos dez anos estudo sobre convergência de mídia e, neste mesmo período, tenho acompanhado a imprensa baiana, especialmente a de Salvador, neste quesito. Temos bons equipamentos, comunicadores que podem ser considerados grandes fenômenos de popularidade, mas veículos com mentes acomodadas tanto em seus formatos comerciais, quanto editoriais.

Nos últimos três anos, há uma tendência forte para a interatividade, com participação de ouvintes, leitores e telespectadores; jornalismo colaborativo, por meio de redes sociais como Facebook, Twitter e Whatsapp e até making off  do cotidiano das redações no Instagram,  plataforma mais popular de compartilhamento de imagens.

Entretanto, sobretudo nos processos de esforço concentrado do jornalismo, que são os pleitos eleitorais e a cobertura de grandes tragédias, passamos somente agora a assistir e perceber uma melhor utilização das ferramentas digitais na imprensa baiana.

E o pontapé inicial desse processo na Bahia vem exatamente com a TV Aratu, que há pelo menos um ano passa a enxergar o seu portal de conteúdo, o Aratu Online, como uma ferramenta capaz de atrair os leitores, sobretudo os mais jovens. Na Bahia, o chamado jornalismo online se dividira, nas últimas décadas, em três segmentos: o político, que tem a audiência dos próprios detentores de mandatos eletivos e siglas partidárias; o sanguinário, com fotos de barbáries e notícias de crimes de todas as espécies e o de notícias de famosos.

Aí você pergunta: e a convergência? Esta chega a partir do momento que a TV Aratu tira os seus estúdios da ociosidade imposta pela rede, no caso dela, o SBT, que concentra uma grande fatia da programação. Esse período de ócio deixa de existir quando a emissora começa a formatar produtos para o Facebook, chamando o público para discussões que vão muito além do factual.

Mesas redondas sobre temas populares como esporte, política e outros assuntos começam a rodar na timeline do Facebook da TV do Galinho, movimento que o público já está acostumado a ver em canais de outras praças como emissoras do Sudeste e também do Nordeste, que neste quesito coloca a Bahia como um dos lanternas desse processo na região.

E o movimento da Aratu é audacioso, pois tem a ousadia de ir de encontro aos padrões de comunicação que os baianos estão acostumados, além de contrariar a lógica de que o público só gosta do “Mundo Cão” que é exibido diariamente ao meio dia.

A falta dessa ousadia e da  convergência digital que é a fusão de tecnologias de comunicação digital, computação e mídia online pode ser um dos fatores que levou o centenário Jornal ATARDE a uma crise quase irreversível. Lá, ensaiaram-se projetos de TV Web, jornalismo online, dentre outros, mas faltou exatamente a ousadia de sair do factual para ir para as discussões dos assuntos que pertencem à ordem do dia e também aqueles temas são de interesse a população, mas que os radares das redações não conseguem captar.

*Gabriel Carvalho é graduado em jornalismo, publicidade e especialista em Assessoria de Comunicação Integrada e Redes Sociais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns Gabriel Carvalho! O jornalismo baiano tem que largar a mesmice e inovar, o sensacionalismo é um vício tardio, É realmente um desrespeito aos telespectadores críticos como a record da Bahia , a band e a TV aratu produz o seu jornalismo...