quarta-feira, 4 de abril de 2012

Soteropolitano trabalha 13 dias por ano para pagar despesas com remédios

Os baianos que vivem em Salvador e têm renda de até um salário mínimo trabalham o equivalente a 13 dias por ano, ou mais de um dia por mês, somente para o custeio de remédios e produtos óticos, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE).

Pode parecer pouco, mas a pesquisadora Érika Aragão, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia considera o valor alto, principalmente entre os trabalhadores com renda familiar mensal de R$ 622,00. “A cifra desembolsada com remédios representa 3,72% do orçamento e poderia ser aplicada em outros itens como alimentação e lazer”, analisa Aragão.

Um dos fatores responsáveis pelo alto custo de medicamentos em países como o Brasil é o fato de o mercado destes componentes ser protegido por patentes, o que também gera um monopólio temporário da pesquisa e restringe o acesso da maior parte da população. “Por isso, temos discutido a inovação nessa indústria, uma vez que o mercado é fechado e concentrador de renda. Além disso, pretendemos identificar oportunidades e verificar como o país pode fazer esse enfrentamento”, disse.

Atualmente, cerca de 90% dos investimentos feitos em pesquisa se destinam a apenas 10% da população mundial. Países como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Japão, Alemanha, França e Itália demandam quase toda a produção farmacêutica no mundo.
Outro dado relevante é a ausência de pesquisa na área de doenças negligenciadas na América Latina como leptospirose, chagas, dentre outras. “Já no mercado de oncologia, por exemplo, apenas uma empresa controla 50% da fabricação dos medicamentos”, disse.

Alternativas

Para o pesquisador e pós-doutor em Métodos Epidemiológicos Aplicados a Avaliação de Saúde pela Universidade do Texas e integrante do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba, Sebastião Loureiro, é preciso conhecer melhor o universo dos medicamentos genéricos como saber a qualidade e eficácia destes tipos de fármacos. “Também é preciso romper a barreira do preconceito, pois muitas vezes o genérico é associado a algo de baixa qualidade”, disse.

Outra alternativa, segundo os pesquisadores do ISC, é a utilização do poder de compra dos governos, o que pode baratear o custo de medicamentos, sobretudo os que estão concentrados em apenas um único laboratório, como alguns remédios voltados para o tratamento do câncer.

Nenhum comentário: